A Importância Partilha de Bens

A partilha de bens, frequentemente negligenciada por casais em processo de divórcio ou dissolução de união estável, representa um procedimento essencial para garantir segurança jurídica e evitar conflitos futuros. Muitos casais, ansiosos por encerrar o vínculo conjugal ou a união estável, acabam postergando esta etapa crucial, sem perceber as consequências jurídicas e práticas que tal decisão pode acarretar.

Consequências da Não Realização da Partilha

Quando um casal se separa ou se divorcia sem realizar a partilha, os bens adquiridos durante o matrimônio ou a união estável permanecem em estado de indivisão, ou seja, continuam pertencendo a ambos. Esta situação de comunhão involuntária pode gerar diversos problemas:

  • Restrições patrimoniais: Impossibilidade de vender, alugar ou dispor livremente de um imóvel sem a anuência do ex-cônjuge ou ex-companheiro

  • Questões sucessórias complexas: Em caso de falecimento de um dos ex-cônjuges, a ausência de partilha pode gerar disputas pela herança entre herdeiros e o ex-parceiro

  • Interferências de terceiros: O novo cônjuge ou companheiro pode se ver envolvido em questões relativas ao relacionamento anterior

  • Conflitos financeiros contínuos: Falta de prestação de contas sobre rendimentos ou despesas referentes aos bens que permanecem em comunhão

  • Insegurança jurídica: Incerteza quanto aos direitos de cada parte sobre o patrimônio comum

Modalidades de Partilha: Escolhendo o Caminho Adequado

A partilha pode ser realizada por diferentes vias, conforme as circunstâncias específicas de cada caso:

Partilha Judicial

Ocorre dentro do próprio processo de divórcio, dissolução de união estável ou em processo autônomo de inventário e partilha de bens. Esta modalidade é obrigatória quando:

  • Existem filhos menores ou incapazes

  • Não há consenso entre as partes quanto à divisão

  • Há bens de difícil avaliação ou partilha

O procedimento judicial, embora mais formal, oferece maior segurança jurídica em casos complexos.

Partilha Extrajudicial

Realizada por meio de escritura pública lavrada em Tabelionato de Notas, representa uma alternativa mais célere e menos burocrática. Para optar por esta modalidade, é necessário que:

  • Não existam filhos menores ou incapazes

  • Haja consenso entre as partes

  • Ambos estejam assistidos por advogado (que pode ser comum às partes)

Esta opção geralmente representa economia de tempo e recursos financeiros.

Atenção ao Regime de Bens

A partilha deve sempre respeitar o regime de bens adotado durante o relacionamento:

  • Comunhão parcial: Dividem-se os bens adquiridos onerosamente na constância do casamento ou união estável

  • Comunhão universal: Todos os bens, anteriores e posteriores ao casamento, são partilhados

  • Separação total: Em princípio, não há bens a partilhar, salvo aqueles adquiridos pelo esforço comum

  • Participação final nos aquestos: Cada cônjuge tem direito à metade dos bens adquiridos pelo casal durante o casamento

O Perigo do Condomínio Pós-Conjugal

Muitos casais optam pelo condomínio de bens como solução aparentemente simples, mantendo a copropriedade de imóveis ou outros bens. Entretanto, esta escolha frequentemente perpetua conflitos, pois:

  • Mantém a necessidade de comunicação e decisões conjuntas

  • Cria situações de dependência financeira

  • Dificulta o recomeço e a reorganização patrimonial

  • Pode gerar disputas sobre o uso, manutenção e administração dos bens

Orientação Profissional: A Chave para uma Partilha Justa

A assistência de um advogado especializado em Direito de Família é fundamental para garantir que a partilha:

  • Respeite os princípios da boa-fé e da equidade

  • Considere aspectos fiscais e tributários relevantes

  • Previna futuras disputas judiciais

  • Preserve o patrimônio construído durante a relação

Conclusão

Não postergar a partilha de bens é uma decisão que favorece a pacificação social e a segurança jurídica. Este procedimento representa não apenas o encerramento formal de uma relação patrimonial, mas também a possibilidade de um recomeço livre de pendências e conflitos futuros.

Busque sempre o auxílio de um advogado especializado para garantir que seus direitos sejam preservados e que a partilha seja realizada de forma justa e adequada às particularidades do seu caso.

Este artigo tem caráter meramente informativo e não substitui a consulta a um profissional especializado para análise do caso concreto.

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